1 de jun. de 2013

Projecto Firme

O Projecto Firme foi criado por ENIGMA, no início de 2008, com basicamente dois objetivos:  unir os rappers do bairro de mavalane ''A'' que se encontravam dispersos e levantar o nome do bairro, esquecido no mundo Hip Hop.

Antes de sua criação existiram vários movimentos em prol do Hip Hop no bairro. Criou-se uma compilação que abarcava rappers dos bairros vizinhos, sendo constituído por mais de 17 membros que faziam parte de diferentes grupos.

Ao mesmo tempo, alguns grupos se extinguiram e de Projecto Firme passou a ser um grupo. Manteve-se o nome, já que vinha ganhando espaço em alguns bairros, principalmente Bloco-4. Com sua criação, várias músicas foram gravadas, as quais deram direito a um passe para shows de Hip Hop, na sua maior parte, organizados por Ovelha Negra - o qual os membros são muito agradecidos, juntamente com Cachimbo da Paz, pois foram os responsáveis pela expansão do nome do grupo.

Superando os obstáculos

Muitas dificuldades foram enfrentadas, entretanto, como diz o ditado: ''as dificuldades existem para nos tornarem mais fortes''. Alguns problemas de desentendimentos se fizeram presentes no processo, uma vez que o grupo era enorme. A contrapartida foi o afastamento de alguns elementos, hoje distribuídos em diferentes grupos na cidade de Maputo, enquanto outros não se tem conhecimento do paradeiro (em termos de Hip Hop), mas acredita-se que continuam no mundo do RAP.

Superando os obstáculos, a Gravidade Zero foi criada, dando nova roupagem ao Projecto Firme, o que culminou a gravação do single ''Um passo a prosperidade''. Além disto, houve redução dos membros, passando de 17 para apenas nove membros ativos, sendo eles: Somente Keino, Metró, Enigma, Small P, Acunkad & Gun Fire e recentemente Hematose e Ley biniz, já que os dois rappers não fizeram parte da Gravidade Zero. 

Os membros de Projecto Firme são residentes da cidade Maputo. São na sua maioria estudantes universitários, residentes no bairro de Mavalane e Polana Caniço. Actualmente são oito: Enigma, Acunkad, Metro, Keino, Hematose e Meia Carga(estes são os membros a tempo inteiro), Ley Bniz e Small P uma vez que tem estado a trabalhar muito nos seus projectos quando necessários são solicitados. 

Durante o ano de 2011 e 2012 a música ''FAZER ACONTECER'' foi arduamente construída, gravada e lançada em janeiro deste ano.  Depois da EP virá a MIX TAPE, ainda sem previsões para lançamento. Suas gravações já se iniciaram e largos passos foram dados, já que o processo encontra-se em ritmo acelerado.

Contacto

Cel.: 82 02 20 180 - Enigma
         828422916 – Acunkad

E-mail: projectofirme@hotmail.com
Facebook:  https://www.facebook.com/projectofirme.beatmoz

16 de abr. de 2013

Elcídio Bila lança o livro "Xiphefu"


"do sofrimento, das incertezas e uma nova forma de encarar o social”


Entrevista realizada por Tirso Sitoe

A primeira obra literária de Elcídio Bila a cartão a ser lançada no Arte no Parke em Maputo dia 18 de Abril, pelas 18 horas pela Editora Livaningo.

Da periferia da Cidade de Maputo, mais precisamente no Bairro de Laulane, distrito municipal Kamavota, ou seja, no Bloco 4 é possível encontrar diversos elementos ligados as artes e cultura. Seus praticantes procuram alternativas viáveis numa tempestade com um marco inicial e sem um fim exacto, na burocracia e olhos vendados a iniciativas que grande parte da juventude desenvolve, e são deixadas a sua sorte por conta de um capitalismo macabro, do qual as pessoas (os donos do poder) são reféns. Elcídio Bila, um dos vários jovens que pode-se encontrar na luta pela permanecia e continuidade de seus ideais, sonhos, ambições, paixões e medos, empresta-nos a sua voz e tempo para falar do “Xiphefu”. 

Quem é Elcídio Bila e quando começa a sua paixão pelas artes e cultura?

Elcídio Bila é um jovem que todo o mês d Abril completa 1 ano d vida, para este ano são 24 anos de Idade. Nasceu em Maputo e aqui vive. Agora é pai, é irmão, é amigo, é um apreciador das artes desde a tenra idade. Influenciado pelo Hip-Hop, começou a escrever poemas. Depois ingressou no mundo dos contos e hoje experimenta-se no romance. É membro da associação cultural Nkaringanarte desde 2009, e que fez despoletar cada vez mais a arte em mim transcendendo para uma para profissão. Hoje organiza eventos culturais e é co-fundador da Livaningo cartão d'arte, editora sem fins lucrativos, que produz livros artesanais, com capas de papelão. Era membro d um grupo que já se evidenciava e ganhava adeptos: INEKUMENOS. Um trio de jovens que se conheceu na escola, em 2006, na zona chamada B3f, parte do Bloco 4. Escrevia letras e repava mas, nunca notou-se uma distância entre poesia e letras da própria música. 

Podemos pensar numa evolução do rap para a poesia literalmente dita?

Acho que sim. Porque a partir da altura que me afasto, parcialmente, do Hip-Hop começo a ganhar novos horizontes. E a busca de espaço fez que não promovesse só os meus trabalhos, mas também, de outros artistas jovens e emergentes. E isso tornou-me um promotor d eventos. Embora, na altura, eu fazia confusão entre rap e poesia. Muitos amigos reclamavam o excesso de figuras de estilo nas minhas letras e isso fez apostar, seriamente, na poesia.

Podemos falar de anos de carreira? Sabendo que entre nós não precisamos ter obras para falarmos em anos de carreira.

Não. É complicado. Isso começou antes mesmo de eu aperceber-me. O que podemos dizer é sobre os anos de uma possível carreira, quando começo a fazer arte com mais seriedade, falo desde 2009.

Fale-nos do projecto do livro a cartão com Livaningo.

Isso começou na faculdade, nas oficinas livres de livros com capas de cartão. Eu participei em algumas oficinas. Depois houve a possibilidade d continuar com o projecto em Moçambique, já que quem ministrava as oficinas, neste caso, Luis Madureira tinha de regressar aos Estados Unidos da América, onde mora e trabalha. Neste sentido, eu, José dos Remédios e Jossias Guambe continuamos a dar nosso forte pelo projecto. Continuou-se com o projecto mesmo na Faculdade de letras e ciências sociais da Universidade Eduardo Mondlane, onde foi criada uma editora. Depois, eu e os colegas já mencionados decidimos sair da editora da Faculdade e criar a Livaningo. Esta seria uma editora mais inovadora, que funcionasse com as nossas ideias, nossa filosofia.

Assim, Desde 10 de Maio do ano passado (2012) que temos lançado obra literárias, até hoje. E neste mês, o “xiphefu” será a 13ª obra por nós publicada com os objectivos de incentivar a criação literária nos jovens, dar espaço a artistas emergentes e, através da venda dos livros à baixo custo, fazer chegar a literatura moçambicana aos seus amantes e a diáspora, ou seja, a mais pessoas.

“Xiphefu” é o seu primeiro livro, primeiro filho, primeira semente laçando a terra. De onde vem a ideia de conceber o título de tal forma e quantas paginas podemos encontrar?

São 70 páginas. Bom, o título tem um historial que não está intrinsecamente ligado a obra, mas traduz um valor daquilo que poderá ser a solução dos dramas vividos pelos personagens. É a luz para iluminar as vidas que estão no fundo do túnel. A ideia vem da necessidade de se encontrar um título que pudesse englobar os oito contos, mas numa visão que pudesse também, responder a inquietação dos sofridos. Por xiphefu, entende-se, lamparina ou candeeiro, ou seja, é neste livro que encontras o sinônimo de esperança a todos os sofridos.

Que material é usado e como é ou foi a produção do Livro?

Corta-se uma caixa qualquer, ainda em bom estado de conservação, no formato A4, guilhotina ou tesoura. De seguida pinta-se a capa cortada e dobra-se ao meio para ter o formato A5. Mete-se o miolo lá dentro e cose-se. Já esta. Penso que é uma forma viável de sermos amigos do ambiente. O Projecto da Livaningo, olha para essas questões.

Teve algum financiamento para a produção e lançamento deste livro?

Não, propriamente. A Livaningo desde que existe trabalha com meios e fundos próprios. Alguns ficam impressionados com o projecto e ajudam numa e noutra coisa. Agradecemos, mas não é muito significativo. Por exemplo, para o meu lançamento, um senhor amigo, vai ajudar na impressão de alguns exemplares e a Arte no Parke, onde será lançada a obra vai apoiar em algumas coisas indispensáveis para um bom lançamento.

Tentaram pedir apoio a quem é de direito apoiar iniciativas dessas? Qual a vossa ligação com a AEMO? Pensa que ela se faz sentir nessa caminhada?

Não, não pedimos apoio porque é muita burocracia e quase não temos tempo para isso. Nós lançamos livros todos os meses. Quanto a AEMO não há ligação nenhuma. Há rumores de que eles sabem da nossa existência, mas nunca lá fomos para nos apresentar e nem eles já aproximaram-se.

Não seria justo vocês irem apresentar-se a eles? Mesmo que seja para nada darem vos?

Seria. Isso há-de acontecer. Mas a AEMO não estava saudável até a eleição do novo presidente da assembleia-geral. Por isso, mesmo que fossemos, seria em vão. Daqui em diante vamos pensar nisso. É que somos só três para muito trabalho, então não resta tempo para bater portas.

Serviço

Lançamento do livro "Xiphefu" de Elcídio Bila pela editora Livaningo
Data: 18 de abril (quinta-feira)
Horas: 18 horas
Local: Arte no Parke em Maputo

29 de mar. de 2013

Panelas vazias ou quase nada, numa lenha sem nada para arder


Por Mauro Brito

Evitei ao máximo, abordar este tema de fundo, que dia após dia e levantado quando se acha que vale a pena, mesmo que não seja para dizer algo, mas não pôde até ao momento que o confrade meu atiçou-me para o efeito, vá escreva sim, e depois? Deixe de histórias, meu caro, não esperes que alguém te condecore ou te consagre, isso não existe, tens de ser tu a escrever. Não ouvir mais desculpas, assim me entreguei nessa labuta de falar sobre a produção literária em Moçambique. Digo, ainda me receio sobre isto meus amigos, sob todos os riscos aqui me atiro aos leões famintos. A questão se de facto existe uma produção literária no verdadeiro sentido tem pairado em muitas mesas, debates e, em fim. Mas os debates não chegam, as mesas não bastam, e depois do discurso, há curso? E os que realmente movimentam a máquina por onde andam? “Entre mortos e vivos haverá feridos”. Nisto o Movimento Literário Kuphaluxa, tem organizado Mesas literárias (Semana literária) onde essa problemática é despida e atribuída vários adjectivos e advérbios, de modo que se perceba a raiz do problema. Mas Antes tomemos fôlego nessa questão, há muitas vozes que nos rodeiam, como uma mão invisível, a instruir-nos. Sépticos, críticos, etc, partilham da mesma questão que eu, (não há produção literária como tal), ainda que dezenas de livros sejam produzidos e publicados anualmente, rabiscos voam e a tinta acaba, não abafa esta questão. O que se passa ai, alguém me ouve desse lado?Continuo nessa linha já traçada por muitos outros autores. Para que haja produção literária, deve antes sim haver uma base, um alicerce, uma base sólida onde se possa assentar a produção para haver produção e consumo, falo especificamente de um sistema puro, organizado e coordenado de produção literária, falo desde o simples aluno que se senta na carteira que aprender a ler, pensar e a escrever, até o leitor, escritor e livros e por final as palestras e dissertações sobre as obras, e de volta ao ciclo criativo (leitor-escritor). Isto é apenas uma miragem no deserto, não deixo de congratular e de ficar extremamente feliz de ver sangue novo, seiva da nação a ler-ler-ler, escrever, publicar, e também algumas editoras que ainda dão algum crédito a tudo novo a muito custo. Bem partimos desse ponto, tudo é feito duma forma individual e egoísta, no sentido do Eu sair a ganhar, não como colectividade, todos em um e um em todos, para o bem de todos, tudo pelo cifrão. As editoras tem como ponte de escape os negócios de edição, muito bem, e o pacato escritor, que sem a sua obra, sem a uma mensagem transmitida fica reduzido, (escritor = aquele que escreve e publica), onde iremos parar assim? A produção nasce de trabalho conjunto e coordenado. O embrião é uma produção, pois parte de uma simples e perfeita união do espermatozóide e do óvulo, assim sendo, como irão produzir literatura sem esses cruzamentos. O que vemos são esporádicas produções e publicações, onde tudo é feito aos arranjos, emendas. Se questionarmos quantas obras literárias são produzidas anualmente, os números não nos mentem, em torno de 35 a 35 obras ou pouco mais, apenas números, e quantos leitores novos são conquistados? Estaremos a procurar agulha no palheiro, visto que pouco se produz, consequentemente pouco haverá para se consumir. Essas questões inquietam a qualquer um amante da arte das letras. E o escritor a ir as editoras ou o contrário, se Maomé não vai a montanha, a montanha ira a Maomé, tudo por conta própria. Se olharmos por outro lado podemos encontrar parcas justificações para essa pobre deficitária produção, uma vez havendo poucos leitores (comedores de livros), ade-se pensar que não há que gastar munições, produzir tanto porque, se não há quem irá fazer uso? Então fica-se na sombra. Estamos sempre habituados a culpar sempre os outros, os eles, esses fora de nós que sempre cometem delitos, o Eu está fora de questão, nos isentamos sempre disso, e nós? Se os outros (os gajos) têm culpa, qual a nossa posição? Matamos assim chances de mudamos o curso dos acontecimentos e veremos o Titanic, ainda que não seja, a naufragar lentamente para o gaudio dos piratas. Hoje assistimos impávidos, em conluio com os que oficialmente tem a responsabilidade de mudar o curso das águas que por aqui correm. A associação de escritores, o Ministerio de Educacao, os livreiros, as editoras, os leitores, os escribas, onde cada um tem seu papel? Esse filme que não queremos ser personagens, apenas aplaudimos a qualquer cena apresentada. Adiando assim momentos de grande glória e orgulho que antes tivéramos nesta terra madrasta. Não me ocorrendo nada mais, me aguardo para possíveis comentários e orgasmos, mesmo sem haver causas e efeitos.