Por Tirso Sitoe
Explorando a cidade de Maputo, sob canais díspares de
informações, aterrando de blocos em blocos, becos e avenidas, do rés-do-chão
até aos mais elevados patamares sobre a questão social e cultural juvenil, num
sistema de better - como os MC´s comumumente chamam no circuito do RAP game - a
entrevista foi concedida por Presságio.
-
Quem é PRESSÁGIO?
PRESSÁGIO
- É um simples rapper, que nasceu
e cresceu na cidade de Maputo com os seus objectivos e próprios projectos no RAP
MOZ. Formei o meu primeiro grupo em 2000 junto a um amigo e rapper VÍRUS DA PAZ.
O grupo chamava-se LYRICAL SQUAD e na altura eu usava como AKA o nome, KILLJOY que
traduzindo de inglês para português significa “Desmancha-Prazeres” (era assim
que as meninas da zona me chamavam). Como dupla, eu e o VÍRUS DA PAZ, tínhamos
o sonho de ser RED & METHOD MAN de MOZ.
- Quando
se inicia a sua ligação com o RAP?
PRESSÁGIO
- Comecei a ouvir o RAP já há
muito tempo. E isso foi nos tempos de KRISS KROSS, mas, só me interessei de
verdade em 1997, quando conheci um amigo de nome Marcelo, pois, naquele tempo
ele já fazia RAP. Foi quando comecei a fazer também alguns versos. Lembro-me
que um tempo depois, meu pai ofereceu-me uma fita cassete de um grupo português
denominado BLACK COMPANY, referência na altura. Isso começou a ditar os meus
primeiros passos.
- Que
aspectos, foram relevantes na formação de PRESSÁGIO como o individuo ligado as
artes de rua?
PRESSÁGIO
- Somente o simples facto de
fazer parte do RAP pra mim já é uma vitória. Isso porque apreende mais e queres
estar sempre informado. Estas sempre na internet, sem contar com as amizades
que fiz graças ao RAP. Então eu agradeço o RAP pelo nigger que hoje sou.
- Fale
do processo de produção de suas letras. Onde e como escreve suas letras e o que
aborda em seus temas musicais?
PRESSÁGIO
- Eu falo de quase tudo. Dificilmente
falo de política. Eu, não tenho nada contra, contando que eles me deixem em paz
(risos). Para escrever eu só preciso dum bom beat, imaginação, silêncio e
realidade. Não sou o tipo de nigger que viaja com cenas de um mundo distante do
meu... Dats wassup.
- Como
foi o processo de gravação da música com participação de FLASH ENCICLOPÉDIA, de
título “Clássicos”?
PRESSÁGIO
- Eu e o Flash já tinhamos um
plano de fazermos algo juntos. Falei com o produtor FINGAZ MASTER, o qual preparou
três beats; Eu dei o título e o FLASH escolheu um dos três beats. Escrevemos e
marcamos a gravação (nem chegamos a ensaiar). Graças a Deus o people recebeu muito
bem o som e até hoje nos parabenizam pelo song. Contudo digo, foi uma grande
experiência em estar ao lado de um MC do gabarito de Flash, assim, como foi
para ele.
- Podemos
considerar a colaboração entre LASH ENCICLOPÉDIA e Presságio como uma forma de reafirmação
no circuito de RAP MOZ?
PRESSÁGIO
– Epah! Nós só fizemos uma música
como qualquer outra e tivemos a sorte das pessoas receberem o som com
satisfação. Qualquer som que se grava tem esse objectivo: fazer as pessoas te
ouvirem e perceberem o teu ponto de vista ou mensagem que queres levar a elas.
- Ao
se ouvir a música “O prazer é meu” percebe-se que é apresentação da sua própria
pessoa. Tomando como ponto de partida os anos de carreira musical, não acha desnecessário
fazer apresentações?
PRESSÁGIO
– Não, não acho. Tenho o meu time no RAP, mas acredito que grande
parte das pessoas não sabe quem eu sou, excepto algumas que já me conheciam, no
entanto, com o nome de KILLJOY. Então, acho que é preciso apresentações antes
de qualquer papo com os outros. É preciso que as pessoas saibam quem és, de onde
vens e quais são os teus objectivos se quiseres ser bem-vindo em qualquer
comunidade, Word up.
- Qual é o seu público-alvo nas músicas?
PRESSÁGIO
- Everybody. Eu escrevo para
todos, por isso eu digo para as pessoas que sou simples e objectivo, tipo um
texto expositivo explicativo (risos). Apanhou as rimas?
- Considera
Grupos como RAPPER UNIT, IRMANDADE, entre outros como seus mentores na música RAP?
PRESSÁGIO
– Yeah! Podemos dizer que sim e
dificilmente encontrarás pessoas que vão te dizer o contrário.
- Identifica-se
com que estilo de RAP? Qual a sua posição no debate underground and bounce?
PRESSÁGIO
- (Risos) Esse é um fight que para
mim não faz sentido. Eu prefiro voltar a dizer que sou apenas um rapper. Como
digo numa das minhas músicas: "Nunca fui, eu sou um rapper 100% e ao mesmo
tempo, batalho pelo movimento”.
- Ser
um real MC seria aquele que veste as roupas largas todos dias?
PRESSÁGIO
- Ser real MC não tem nada a ver
com roupas. Para mim tem a ver com o que se transmites às pessoas com a forma
como vemos o mundo.
- Presságio,
longos anos de carreira. Quantos vídeos, álbuns ou singles?
PRESSÁGIO
- Hish Yowé...Dois vídeos, dezenas
de sons gravados, uma mix-tape por sair (com Eddy MC na produção das doze
faixas) e vai se chamar "Sem do nem PIEDDYADE”. Meu álbum também fica para
o próximo ano com o título “Asas para Imaginação”.
- Em
toda sua carreira qual a música que melhor te apresenta?
PRESSÁGIO
- Todas elas. O que acredito que não
estar bem, nem sequer sai do quarto, vai logo para o lixo.
- Vale
a pena fazer RAP em Moçambique?
PRESSÁGIO
- Sempre vale a pena quando gostas
do que fazes e quando tens objectivos que não põem a mola atrás do RAP.
- Fora
a música, quais outras actividades exerce?
PRESSÁGIO
- Sou editor de vídeo numa TV local;
tenho meus ways como todo o jovem de Moz.
- Encara
o RAP como estilo de vida?
PRESSÁGIO
- Acho que em certo tempo foi um
estilo de vida, hoje, acho que não mais. Agora tudo é business.
- Quais
são seus ídolos na música?
PRESSÁGIO
- Yeh, man! Demorou a fazer essa
pergunta (risos). Lá fora gramo do REDMAN, PHONTE (FROM
LITTLE BROTHAS), SEAN PRICE (FROM HELTAH SKELTAH), COMMON e outros. Em
Maputo, gramo do SHAKAL, A SMALL, ARMADUH e agora estou a curtir muito dos
versos de TRIGGAH.
- Como
encara a cultura hip-hop hoje, fazendo uma ponte com o seu passado?
PRESSÁGIO
- Acho que melhorou em alguns
aspectos, já temos muitas portas abertas para expor o que fazemos (falo de rádios
e TVs), só precisamos trabalhar mais e fazer mais vídeos, afinal é isso que
vende a nossa imagem.
- “Pressagio
o nómada” podemos assim considerá-lo? Fale-me das experiências que colheu em
comunidades como Block4, Fundação, Irmandade, entre outras.
PRESSÁGIO
- Nómadas são pessoas sem lugar
fixo. Então, isso não sou, tenho os pés firmes e assentes na terra, eu sei o
que quero e para onde quero ir...Capitou? Quanto a experiência, acho que o RAP
fez muito por mim, foi bom conhecer essas comunidades porque em algum ponto
temos os mesmos objectivos, o melhor para RAP MOZ.
- Quais
os planos futuros?
PRESSÁGIO
- Ser reconhecido como um bom MC, e
não como um "punk ass" emocionado que nem sabe o que quer (risos),
gravar mais sons e vídeos, mostrar ao people que esta fora de MOZ como se faz RAP
aqui, for real dog.
- Que
lição deixa para os que lhe seguem?
PRESSÁGIO
- Seja original, porque Presságio
é super original, homie.
Para alem de MC'S usarem a musica como o mensageiro de seus sentimentos e para intervirem
ResponderExcluirsocialmente eu acho que as intervenções de perguntas e respostas Directas como a block 4 fez ao Mc PRESSAGIO é de louvar, dá a oportunidade dos admiradores conhecerem um pouco mais o outro lado dos mcs.
FORÇA BLOCK4
Por: Psykahollik
Ya dope, gostei....
ResponderExcluirGood my dudo
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