20 de fev. de 2013

A PASSOS DE CÁGADO, DEMOS UM SALTO AO MUNDO

By SILO
Graffiti: “ Leva a paz em ti e aos outros”.
Um dos grandes desafios, ao se escrever e divulgar esta postagem se encontra na proposta que foi sugerida para o seu título, acima apresentado, que se reflecte nos passos que gradualmente fomos dando nos últimos tempos.
Assim dizemos, começamos como nada. Sim, como nada. Hoje, conquistamos um humilde e modesto espaço, a partir de um enfoque que espelha a nossa realidade social, relativo as questões sobre as artes e cultura de rua/ cultura marginal em Moçambique, no caso particular da cidade e província de Maputo. De adolescentes sonhadores, hoje, tornamo-nos arquitectos e alicerces desses sonhos que outrora nem pernas tinham para dar seus passos.
Queremos lembrar aqui, que não somos apenas, mais uma agremiação que busca um destaque à luz das artes e culturas juvenis de rua. Não somos, nem tão pouco, aquela agremiação que se deixa corromper por interesses políticos. Não somos também a mente quadrada que os interesses exteriores aos nossos possam fazer de nós marionetes da sua visão etnocêntrica do mundo. Mas, afirmamos que somos BLOCK4 - Artes e Cultura na Comunidade que, a partir do contexto sociocultural em que estamos inseridos, abraçamos os conceitos de Irmandade, arte, rua, comunidade, cultura marginal, juventude, música entre outros, como forma de expressão artístico-cultural sobre nosso quotidiano. Então, tornamo-nos de agentes passivos para agentes activos das formas de desenvolvimento saudável.
Sabendo que o nosso quotidiano é projectado através de expressões artísticas, no ano transacto de 2012, demos azo aos eventos culturais. Estes eventos procuravam, numa primeira fase, estabelecer um (re) encontro entre expressões artísticas diferentes, entre eles a poesia, street dance, música e o graffiti, no sentido de, através de diferentes olhares, fazer um arco-íris das artes num só espaço: “ CASA DA PAZ”. Numa segunda fase, os eventos começaram a buscar a afirmar uma espécie de “religião hip-hop” em que todos são convidados a fazer parte da missa cujo altar transformou-se em palco, a hóstia em microfone e o hino dos dias e noites do subúrbio, a música rap.

Num dos (re) encontros entre os “manos da comunidade” o presidente e fundador da Agremiação Juvenil de Artes e Cultura BLOCK4, Tirso Sitoe, fez menção a alguns aspectos em que passamos a citar:

“ Somos jovens que em parte, fomos e continuamos a ser discriminados pelo que fazemos e pelo que acreditamos. Mas, a expressões de rua são mais fortes em relação as que são tiradas de um parlamento que não resolve os nossos problemas. A rua faz a sua lei e a lei seus discípulos. As leis não são nem tão pouco fechadas, são negociadas. Tentar tapar o sol com a peneira seria o mesmo que tentar tapar a magnitude de um sonho que hoje, torna-se realizável, mesmo nas condições de trabalho em que estamos sujeitos. Aqui nesta associação, procuramos e procuraremos albergar o máximo possível de nossos sonhos e torná-los realidade. Isso quer dizer que não é simplesmente uma casa de sonhos e sonhadores, mas sim, dos que transforma seus sonhos em realidade. Não temos espaço para abutres ou sangue sugas, mas, temos espaço para os que acreditam no poder das expressões de rua. Notem que, como o diabo atenta os discípulos de um Deus no qual vocês acreditam, alguns de vocês também serão atentados por míseros contos pelo vosso silêncio. Mas, diante disso, nada que possa calar a voz já silenciada mas, que faz mudanças. Digo, a melhor escola e o melhor galardão não está no canudo que recebemos, nas vitórias merecidas, entre outros, mas sim nas lições que a vida de rua e na rua nos traz. Lembrem-se sempre disso”.


Foi seguindo algumas destas linhas mestres que sobrevivemos aos tsunamis da vida. Novas páginas do livro foram se abrindo e mais pessoas começaram a fazer a sua história com as poucas de várias actividades que fomos realizando. Um novo espaço também se abriu: o nosso Blogger de domínio www.comunidadeblock4.blogspot.com, e junto dela, a página Facebook com o mesmo nome. Foi neste âmbito que mais pessoas se voltaram a nós, não apenas para fazer número, mas também, de alguma forma, contribuir com suas ideias e críticas.
Procuramos ainda no ano que foi-se, estabelecer fortes parcerias. Destas parcerias foi importante reter que o grande ganho é saber que há pessoas que entendem a nossa linguagem. De África (Moçambique) fomos ao Brasil, Portugal e Dinamarca. Estes países e, talvez outros, são os nossos fortes aliados em nossos projectos e, acreditam no sonho que (sobre)vive nos subúrbios de Maputo. 

O exemplo da Jornalista e Designer Gráfico, Tamires Santana que, de forma espontânea, juntou-se ao elenco BLOCK4 e recebeu a condecoração de “ madrinha no Brasil “. Encontramos também, Mauro Brito, um indivíduo ligado à literatura em Moçambique que vem trabalhando com movimentos como o Kuphaluxa e fazendo postagens em revistas como Literatas (revista moçambicana e lusófona) e Rebosteio (revista brasileira sobre cultura de rua). A nossa amiga, Anna Põysã, de nacionalidade Finlandesa, que empreendeu um pesquisa em Maputo sobre a cultura Hip-Hop e, de certa forma, mostrou que BLOCK4 também pode falar finlandês.

Neste sentido, a presente postagem é apenas uma singela forma de partilhar os passos que demos num curto espaço de tempo que procuramos reorganizar-nos.
Prezados, amigos e parceiros, eis a nota de bem-vindos ao ano 2013. Esperamos continuar com os vossos apoios e contribuições.

A nossa menagem este ano é: 
“ Leva a paz em ti e aos outros”.

Abraços,
BLOCK4 - Artes e Cultura na Comunidade

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