28 de fev. de 2013

Entrega de donativos ao Centro Criança Feliz em Maputo


As alternativas viáveis a favor de flores que não murcham

Por Tirso Sitoe

O Centro Criança Feliz, localizado no bairro Ferroviário, periferia da cidade de Maputo no distrito Municipal Kamavota, foi o escolhido para dar asas ao projecto “ Um pouco de si por crianças felizes” da Associação BLOCK4 (Artes e Cultura na Comunidade) tendo como coordenador, Tirso Sitoe, coadjuvado por Lino Cossa, Fidel António, Nelson Baco, Hélio Cossa e Eunisio Nhamucho.

O trabalho exercido no Centro Criança Feliz é um dos poucos existentes nos bairros periféricos de Maputo focado no acolhimento de crianças órfãs ou em casos cujos pais se encontram em situação financeira delicada, impossibilitados de custearem o processo educativo dos filhos. Funciona como uma escola infantil ou parque de diversões. Ao mesmo tempo em que possibilita maior sociabilidade dessas crianças, oferece uma formação e apoio psicológico e material.

Conta com o apoio do Projecto IBIS da embaixada da Dinamarca, recolhe  bens não perecíveis através de campanhas porta a porta e eventos culturais promovidos na periferia de Maputo, estendendo-se por outras partes da urbe e grande parte das actividades são voltadas às diferentes formas de expressão artística, importante iniciativa implantada no processo educacional das crianças.

Como movimento associativo, BLOCK4 e seus membros, solidarizam-se pela causa, empenhando-se no papel de colaboradores individuais, já que, nesta fase, o projecto ainda não conta com apoio ou parceiros institucionais locais.

Demos corpo ao sonho de viabilizar as artes e culturas de rua, afirmando-se opostos ao quadro de estereótipos existentes na sociedade. Neste âmbito, o dia 15 de fevereiro de 2013 foi um marco para planos futuros, direcionados a mais entragas de donativos ao Centro Criança Feliz em Maputo quanto a realização de outras atividades.

Durante o processo de reconhecimento e troca de ideias entre as partes envolvidas, Graça Notico, coordenadora do Centro, expôs sua alegria em receber o projecto: “ são casos muito raros em que jovens como vocês têm iniciativas idênticas. Estamos muito felizes por vocês terem dado conta que estas crianças, que na verdade são vossas irmãs, podem contar com vosso apoio”, afirma.

Estas palavras e os momentos vividos no processo de entrega dos donativos nos tocaram bastante. Partindo dos resultados colhidos com a experiência, nos propomos trabalhar juntos em mais projectos que visem melhorar a dinâmica de algumas actividades no centro ou ajudar cada vez mais as crianças a sentirem-se cada vez mais amparadas.

Eunisio Nhamucho mostrou-se alguém ligado a educação musical ao fazer as crianças cantarem em perfeita sintonia e interação o refrão de músicas de sua autoria: “Num caminho escuro sem o luar. Preciso de uma voz para me apoiar. Uma mão para me ajudar. Um irmão para aconselhar-me. Num caminho escuro sem o luar. Preciso de uma voz para me apoiar. Uma mão para me ajudar. Um irmão para aconselhar-me”.

Entre risadas, a afirmação, em alto e bom som de que gostaram em aprender a cantar RAP foi unânime. Também deram seu grito de guerra demonstrando o que aprenderam sobre música ao entoar algumas canções criadas no Centro. Em um processo de interacção onde se propunha aproximar as artes e cultura por meio da educação.

Esta é a primeira fase do projecto e, a partir da segunda edição, anciamos a colaboração de mais contribuintes e parceiros. Se vivemos em sociedade, então aprendamos a partilhar o pouco que temos.

A vida só faz sentido com a reciprocidade!

Fotos: Fidel António 

25 de fev. de 2013

Entrevista concedida ao jornal @verdade


"A Associação Bloco 4 (AB4) vive de meios próprios e não tem interesse nos fundos de combate à pobreza urbana. Tirso Sitoe, coordenador da AB4, não quer ver cortadas as “pernas” da sua associação “quando a fonte do financiamento secar”. Até porque, defende, só assim é que pode garantir a pureza dos seus ideias. Não olha com bons olhos as iniciativas de desenvolvimento local como sendo fundo de combate à pobreza urbana. Acredita que é um mecanismo de controlo ideológico. “É um forma de controlar os passos” e acções dos beneficiários".

Este é o primeiro trecho da entrevista concedida por Tirso Sitoe ao jornal @verdade, publicada dia 21 de fevereiro no portal. Entenda a trajeto e objetivos que levaram à criação da Associação e sobre a cultura Hip Hop de Moçambique. Confira a matéria É preciso romper com a dependência.




Block4 Militar no programa Cara Cara com 2Caras



                                      Block4 Militar no programa Cara Cara com 2Caras.

20 de fev. de 2013

A PASSOS DE CÁGADO, DEMOS UM SALTO AO MUNDO

By SILO
Graffiti: “ Leva a paz em ti e aos outros”.
Um dos grandes desafios, ao se escrever e divulgar esta postagem se encontra na proposta que foi sugerida para o seu título, acima apresentado, que se reflecte nos passos que gradualmente fomos dando nos últimos tempos.
Assim dizemos, começamos como nada. Sim, como nada. Hoje, conquistamos um humilde e modesto espaço, a partir de um enfoque que espelha a nossa realidade social, relativo as questões sobre as artes e cultura de rua/ cultura marginal em Moçambique, no caso particular da cidade e província de Maputo. De adolescentes sonhadores, hoje, tornamo-nos arquitectos e alicerces desses sonhos que outrora nem pernas tinham para dar seus passos.
Queremos lembrar aqui, que não somos apenas, mais uma agremiação que busca um destaque à luz das artes e culturas juvenis de rua. Não somos, nem tão pouco, aquela agremiação que se deixa corromper por interesses políticos. Não somos também a mente quadrada que os interesses exteriores aos nossos possam fazer de nós marionetes da sua visão etnocêntrica do mundo. Mas, afirmamos que somos BLOCK4 - Artes e Cultura na Comunidade que, a partir do contexto sociocultural em que estamos inseridos, abraçamos os conceitos de Irmandade, arte, rua, comunidade, cultura marginal, juventude, música entre outros, como forma de expressão artístico-cultural sobre nosso quotidiano. Então, tornamo-nos de agentes passivos para agentes activos das formas de desenvolvimento saudável.
Sabendo que o nosso quotidiano é projectado através de expressões artísticas, no ano transacto de 2012, demos azo aos eventos culturais. Estes eventos procuravam, numa primeira fase, estabelecer um (re) encontro entre expressões artísticas diferentes, entre eles a poesia, street dance, música e o graffiti, no sentido de, através de diferentes olhares, fazer um arco-íris das artes num só espaço: “ CASA DA PAZ”. Numa segunda fase, os eventos começaram a buscar a afirmar uma espécie de “religião hip-hop” em que todos são convidados a fazer parte da missa cujo altar transformou-se em palco, a hóstia em microfone e o hino dos dias e noites do subúrbio, a música rap.

Num dos (re) encontros entre os “manos da comunidade” o presidente e fundador da Agremiação Juvenil de Artes e Cultura BLOCK4, Tirso Sitoe, fez menção a alguns aspectos em que passamos a citar:

“ Somos jovens que em parte, fomos e continuamos a ser discriminados pelo que fazemos e pelo que acreditamos. Mas, a expressões de rua são mais fortes em relação as que são tiradas de um parlamento que não resolve os nossos problemas. A rua faz a sua lei e a lei seus discípulos. As leis não são nem tão pouco fechadas, são negociadas. Tentar tapar o sol com a peneira seria o mesmo que tentar tapar a magnitude de um sonho que hoje, torna-se realizável, mesmo nas condições de trabalho em que estamos sujeitos. Aqui nesta associação, procuramos e procuraremos albergar o máximo possível de nossos sonhos e torná-los realidade. Isso quer dizer que não é simplesmente uma casa de sonhos e sonhadores, mas sim, dos que transforma seus sonhos em realidade. Não temos espaço para abutres ou sangue sugas, mas, temos espaço para os que acreditam no poder das expressões de rua. Notem que, como o diabo atenta os discípulos de um Deus no qual vocês acreditam, alguns de vocês também serão atentados por míseros contos pelo vosso silêncio. Mas, diante disso, nada que possa calar a voz já silenciada mas, que faz mudanças. Digo, a melhor escola e o melhor galardão não está no canudo que recebemos, nas vitórias merecidas, entre outros, mas sim nas lições que a vida de rua e na rua nos traz. Lembrem-se sempre disso”.


Foi seguindo algumas destas linhas mestres que sobrevivemos aos tsunamis da vida. Novas páginas do livro foram se abrindo e mais pessoas começaram a fazer a sua história com as poucas de várias actividades que fomos realizando. Um novo espaço também se abriu: o nosso Blogger de domínio www.comunidadeblock4.blogspot.com, e junto dela, a página Facebook com o mesmo nome. Foi neste âmbito que mais pessoas se voltaram a nós, não apenas para fazer número, mas também, de alguma forma, contribuir com suas ideias e críticas.
Procuramos ainda no ano que foi-se, estabelecer fortes parcerias. Destas parcerias foi importante reter que o grande ganho é saber que há pessoas que entendem a nossa linguagem. De África (Moçambique) fomos ao Brasil, Portugal e Dinamarca. Estes países e, talvez outros, são os nossos fortes aliados em nossos projectos e, acreditam no sonho que (sobre)vive nos subúrbios de Maputo. 

O exemplo da Jornalista e Designer Gráfico, Tamires Santana que, de forma espontânea, juntou-se ao elenco BLOCK4 e recebeu a condecoração de “ madrinha no Brasil “. Encontramos também, Mauro Brito, um indivíduo ligado à literatura em Moçambique que vem trabalhando com movimentos como o Kuphaluxa e fazendo postagens em revistas como Literatas (revista moçambicana e lusófona) e Rebosteio (revista brasileira sobre cultura de rua). A nossa amiga, Anna Põysã, de nacionalidade Finlandesa, que empreendeu um pesquisa em Maputo sobre a cultura Hip-Hop e, de certa forma, mostrou que BLOCK4 também pode falar finlandês.

Neste sentido, a presente postagem é apenas uma singela forma de partilhar os passos que demos num curto espaço de tempo que procuramos reorganizar-nos.
Prezados, amigos e parceiros, eis a nota de bem-vindos ao ano 2013. Esperamos continuar com os vossos apoios e contribuições.

A nossa menagem este ano é: 
“ Leva a paz em ti e aos outros”.

Abraços,
BLOCK4 - Artes e Cultura na Comunidade

DAS RUAS DO BLOCK4 ÀS ONDAS DA RÁDIO ÍNDICO


A instrumental produzida por FC faz a sua primeira passagem pelo programa “Hip-Hop Cara a Cara” na sua primeira edição do ano de 2013, gozando da frequência 89.5 da rádio indico. Em seguida, o rapper e apresentador do programa Duas Caras, referiu-se:

“Estou aqui com meus putos da zona. Eu vi-los crescer. Costumavam apontar, está ali mano Duas e hoje, vem mostrar o que de melhor sabem fazer, drop on the mic”.

Foi neste sentido, que o colectivo do projecto BLOCK4 MILITARES, fruto da associação BLOCK4 (Artes e Cultura na Comunidade) se fez apresentar para o programa. Representado por rapper´s como: Múmia, Blunt Smoker, Da Fase e Vulcão MC, deram a sua voz numa secção de mesa redonda, em jeito de freestyle ao lado de Duas Caras. Este colectivo oriundo dos subúrbios da cidade de Maputo, mais precisamente, dos bairros Ferroviário e Laulane, afirmam gozar e usar a camisola Kamavota - nome do distrito municipal - ou simplesmente BLOCK4, como é sobejamente conhecido, na linguagem da cultura de rua, como a sua marca identitária.

Da Fase, o rapper mais novo do colectivo BLOCK4 MILITARES afirmou o seu entusiasmo e alegria em participar da mesa redonda de abertura do ano lectivo 2013, numa parceria entre associação e o programa radiofônico “Hip-hop Cara Cara” que, desde já, passa a ser responsável pela promoção das actividades realizadas pela Associação. Foi dentro desse prisma que Da Fase, mencionou:

“É uma grande honra para mim, encontrar-me ao lado do mano e tio Duas Caras. Ele é um monstro ou lenda viva do Hip-hop Moçambicano e, não há dúvida disso para ninguém. Se este refere que tu és bom, quer dizer que és bom mesmo. Quando encontrava-me no programa, as minhas pernas tremiam, pois, não sabia qual seria a reacção de Duas Caras e dos ouvintes em casa. Agora, penso eu, que o que estou a fazer está a ser valorizado e por isso, vou continuar a trabalhar mais.”

Foram destas palavras que parte deste colectivo partilhou e reafirmou a sua alegria. O colectivo BLOCK4 MILITARES é um projecto que visa representar a Associação BLOCK4 (Artes e Cultura na Comunidade) em termos de cultura Hip-Hop. Do mesmo fazem parte rapper´s, produtores e grafiteiros. Não se cingindo apenas a representar a Associação, procura através do staff que o compõe, realizar eventos culturais. 

Múmia, o rapper responsável pelo colectivo do projecto BLOCK4 MILITARES e Vice- Presidente da Associação BLOCK4 (Artes e Cultura na Comunidade) também não se fez de rogado e deixou passar algumas palavras sobre o projecto. Assim disse:

“Não somos mais um projecto a beira de um aborto espontâneo. Acredito que o útero, está suficientemente preparado para nos ter e não iremos parar tão já. O projecto renova-se a cada dia que passa, mas não perde a sua característica fundamental, a representatividade das artes de rua. Quando acharmos que estamos cansados, daremos espaço aos outros. Isso não começou aqui, é apenas continuação de vários outros projectos que ficaram no papel ou ficaram para atrás. Não admirem-se em ver novas caras. Mas, não admirem-se também, em não ver o símbolo de coesão romper-se porque estamos mais unidos do que nunca.”

Palavras fortes de quem há muito tempo, vem trabalhando com o movimento Hip-Hop, é um dos mentores e demissionista da ideia “Bloco4”, que mais tarde passou a escrever BLOCK4. 

E estas são as linhas que traçaram ou marcaram a assinatura da parceria entre o programa radiofónico “Hip-Hop Cara Cara” e a Associação Block4.